15/09/2013 14:21

SOLUÇÃO DISTANTE

Intervenção no Hospital São João de Deus não traz alívio para o sistema de saúde

Na semana passada o Ministério Púbico em Divinópolis tomou a atitude que a população aguardava. Anunciou intervenção no Hospital São João de Deus, envolvido na maior crise de sua história, com um rombo de R$ 84 milhões. A viabilidade da unidade ainda será avaliada, pois embora os envolvidos na intervenção não admitam publicamente, não se sabe de onde virão os recursos para cobrir o rombo. O MP vai acompanhar, como observador, o trabalho da Ditctum Instituto de Gestão e Perícia, empresa indicada para gerir a instituição durante o período de intervenção.

Na quinta-feira passada aconteceu o primeiro encontro de trabalho, ocasião em que foi estipulado um prazo de 90 dias para a definição pela viabilidade ou não da unidade. Os técnicos da Ditctum confirmaram uma informação preocupante, ao enfatizar a necessidade de acionar os governos federal e estadual, para uma ação conjunta em defesa do hospital, pois o estoque de medicamentos está no fim, sendo suficiente para apenas pouco mais de 10 dias.

O professor universitário Léo Santos, um dos integrantes do Fórum Pró-São João, movimento popular em defesa do Hospital, escreveu em sua conta no Facebook que a intervenção foi justa e necessária. “Assim a unidade continuará em funcionamento, não sabemos ainda da sua viabilidade financeira o que não descarta outras decisões durante o processo”, escreveu o professor. Ele revelou ainda que o hospital passará por uma nova auditoria. “Será contratada outra empresa para realizar uma ampla auditoria em todo os Hospital. Essa auditoria irá investigar os últimos cinco anos da gestão. Seu objetivo é apurar as inúmeras irregularidades apontadas pelo Ministério da Saúde, como também investigar as suspeitas de atitudes criminosas”, escreveu Léo Santos. Ele acrescentou que o Fórum Pró-São João “irá manter suas atividades e iremos acompanhar de perto cada passo dessa intervenção em parceria com o MP e demais instituições”.

A intervenção determinada pelo Ministério Público no Hospital São João de Deus ainda está longe de ser um alívio para o sistema de saúde público de Divinópolis. Ocorre que a crise não atinge somente a instituição e sim todo o sistema, conforme admitiu o próprio prefeito Vladimir Azevedo ao decretar estado de emergência na Secretaria Municipal de Saúde há 20 dias (ver matéria).  Desta forma, a população está longe de sentir qualquer mudança benéfica. Por enquanto a intervenção foi apenas um ato burocrático, sem resultados práticos, que só virão com decisões eficazes em todo o sistema. Cabe ao Ministério Público, que agiu conforme se esperava ao intervir na administração do hospital, acompanhar mais atentamente o quadro em todo o sistema. E, se necessário for, agir de forma rápida e prudente, para que a intervenção no hospital não jogue uma cortina de fumaça sobre a péssima gestão que se faz na  saúde da cidade. 

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