14/10/2013 16:49

Excesso de candidatos é fator preponderante para o baixo desempenho de Divinópolis nas eleições parlamentares

Campanhas pelo voto útil são inúteis e hipócritas e trabalham em defesa de candidaturas

Nas últimas eleições para a Assembleia somente Fabiano Tolentino conseguiu se eleger por Divinópolis

A pouco menos de um ano para as eleições de 2014, que renovarão Presidência da República, governos estaduais, Câmara Federal e assembleias legislativas, o PAREDÃO faz nova análise das últimas cinco eleições para deputado estadual, tomando por base a votação em Divinópolis. A análise foi inspirada no debate que vem sendo travado via Facebook desde a semana passada. Na análise anterior, foi feito um levantamento dos 20 candidatos mais votados na cidade,  Clique aqui e veja. 

Nesse novo levantamento, o leitor poderá comparar os percentuais, entre votos perdidos (nulos, brancos e abstenções), bem como a votação dada aos candidatos com base eleitoral em Divinópolis e aqueles considerados paraquedistas, ou seja, que têm bases eleitorais em outros municípios. Os números mostram que, ao contrário do que se pensa, os votos dados aos chamados candidatos de fora, não são determinantes para o que se considera fracasso eleitoral dos candidatos locais.

É bem verdade que há eleições em que o percentual de votos para concorrentes de outros municípios é bastante alto, porém, mesmo assim, não é fator definitivo. Os votos perdidos representam maior dano para os candidatos locais, bem como o excesso de concorrentes, já que um prejudica o outro e muitos não conseguem se eleger exatamente pela divisão de votos ocorridas na cidade. Veja o levantamento e a análise de alguns aspectos considerados relevantes pela editoria.

ELEIÇÕES 1994

Nesse pleito, oito candidatos de Divinópolis concorreram à Assembleia Legislativa, sendo que nenhum deles conseguiu a eleição. O representante de Divinópolis acabou sendo Marcelo Gonçalves, irmão do ex-deputado federal Dr. Francisco Gonçalves. Com base eleitoral em Pedro Leopoldo, ele foi eleito pelo PDT, com  26.909 votos. Foi o 7º colocado em Divinópolis, obtendo 1.716 votos. Foram 494 candidatos de outras bases eleitorais com votação em Divinópolis e Marcelo Gonçalves, por ter base eleitoral em Pedro Leopoldo, foi considerado na análise como candidato de fora.

Somente em votos nulos foram perdidos 20.187, ou 19,82%. Os candidatos fora do município ficaram com apenas 8,79%, o que definitivamente não determinaria a eleição de um candidato para Divinópolis, já que os números mostram que, caso essa votação ficasse somente na cidade, haveria pulverização dos votos. Veja os números:

Eleitorado: 101.848
Legenda – 2.276 – 2,63%
Abstenção: 8.527 - 8,37%
Brancos: 13.695 - 13,45%
Nulos: 20.187 - 19,82%
TOTAL – 44.485 – 44,27%

Votação para os candidatos de Divinópolis

Rinaldo Valério – PSDB – 11.711
Márcio Miranda – PP – 11.328
Jaime Martins do Espírito Santos -  PFL -  9.607
Geraldo da Costa Pereira – PMDB – 7052
Beto Cury -  PT – 4.199
Vanilson Rocha -  PSB – 2.232
Luiz Carlos Vilarinho – PL – 1.329
José Vasconcelos -  PTB - 498
TOTAL – 48.402 – 47,52%

Votação em candidatos de fora – 8.961 – 8,79%

ELEIÇÕES 1998

Com sete candidatos na disputa, foi mais um fiasco dos candidatos de Divinópolis, já que nenhum conseguiu ser eleito. Mais uma vez, quem ficou como representante da cidade na Assembleia foi Marcelo Gonçalves, reeleito pelo PDT, com 42.142 votos, que na votação em Divinópolis ficou em 6º lugar, atingindo a 3.846 votos. Na análise, Marcelo Gonçalves é considerado candidato de fora, já que sua base eleitoral se mantinha em Pedro Leopoldo. Outro concorrente considerado de fora, foi Emerson Penha, ex-assessor de comunicação do então prefeito Aristides Salgado. Emerson foi “importado” de Belo Horizonte pelo ex-prefeito para ocupar o cargo e ao concorrer a deputado estava na cidade somente há três anos. Ele obteve na cidade 2.343 votos. Foram votados na cidade 499 candidatos considerados de outros municípios.

Mais uma vez houve perda acentuada de votos pela abstenção e votação em branco. Os candidatos considerados de foram ficaram com 17,89% da votação, número expressivo mas a análise, mais uma vez, mostra que seria insuficiente para eleger um candidato local, exatamente pela pulverização dos votos, o que não seria possível para nenhum dos candidatos locais atingir a votação necessária. Veja os números:

Eleitorado: 115.502
Legenda – 14.900 – 12,90%
Abstenção: 13.119 - 11,36%
Brancos: 9.826 - 8,51%
Nulos: 4.755 - 4,12%
TOTAL – 42.600 – 36,89%

Votação em candidatos locais

Geraldo da Costa Pereira – PMDB – 14.039
Rinaldo Valério – PTB – 10.265
Márcio Miranda – PMN – 9.469
Geraldinho Martins – FFL – 6.951
Milton Campos – PT – 5.736
Ruy Gripp Bauer – PFL – 3.507
João Teixeira – PSD – 3.270
TOTAL – 53.237 – 46,09%


Votação candidatos de fora – 20.665 – 17,89%

ELEIÇÕES 2002

Neste pleito, depois de duas eleições consecutivas sem eleger representante, finalmente Divinópolis voltou a ter um deputado estadual, sendo eleito pelo PSDB, o então ex-prefeito Domingos Sávio, que obteve 46.056 votos. Notem que o candidato foi eleito com 22.815 votos locais e 23.241 de outros municípios. A votação de Domingos Sávio fora superou seus votos em Divinópolis. Isso significa que Sávio só foi eleito graças à votação que obteve fora de sua base eleitoral. Embora não admita publicamente, isso quebra essa hipocrisia que há na cidade das campanhas para se votar em candidatos locais, o chamado voto útil, pois a maioria absoluta dos concorrentes à Assembleia Legislativa não consegue se eleger somente com os votos de sua cidade.

A votação obtida por Domingos Sávio fora de Divinópolis foi superior à votação de todos os candidatos de outras bases eleitorais na cidade. As perdas foram menores, porém, como houve candidatos com votação expressiva, caso do ex-prefeito Demetrius Pereira e do ex-deputado Rinaldo Valério, houve a chamada pulverização dos votos e a cidade perdeu a oportunidade de fazer dois deputados. Veja os números:

Eleitorado: 128.601
Legenda: 11.854 – 9,22%     
Abstenção: 12.286 - 9,55%
Brancos: 5.896 - 4,58%
Nulos: 2.916 - 2,27%
TOTAL – 32.952 – 25,62%

Votação em candidatos locais

Domingos Sávio – PSDB – 22.815
Demetrius Pereira – PL – 22.586
Rinaldo Valério – PPS - 12.454
Sargento Geraldo – PSB – 6.813
Leopoldo Greco – PFL – 5.057
Márcio Miranda – PMN – 4.623
Arnaldo Batista – PT – 3.449
Mário Lúcio Batista – 1.133
TOTAL – 70.020 – 61,44%

Votação em candidatos de fora – 16.629 – 12,93%

ELEIÇÕES 2006

Finalmente Divinópolis conseguiu emplacar dois deputados estaduais. Domingos Sávio (PSDB) foi reeleito com uma votação história, atingindo a 96.527 votos, Rinaldo Valério, com uma votação mais modesta, 23.252 votos, também conseguiu se eleger pelo PTC. É importante mostrar que Domingos Sávio obteve 30.464 votos na cidade, o restante, 66.063, mais que o dobro da votação local, veio de outros municípios. Rinaldo Valério também teve que buscar votos fora. Eleito com  23.252 votos, Valério obteve em Divinópolis 17.318, buscando 5.934 fora de seu domicílio eleitoral. Se Domingos Sávio e Rinaldo juntos obtiveram 71.997 votos fora da base eleitoral, neste pleito os candidatos de fora também levaram grande percentual de votação da cidade, chegando a 39.662, 27,57% dos votos válidos, porém muito longe do que foi conseguido pelos divinopolitanos em outros municípios. Veja os números:

Eleitorado: 143.843
Legenda – 11.432 – 7,95%
Abstenção: 17.171 - 11,94%
Brancos: 13.854 - 9,63%
Nulos: 8.226 - 5,72%
TOTAL – 50.683 – 35,24%

Votação em candidatos locais

Domingos Sávio – PSDB – 30.464
Rinaldo Valério – PTC – 17.318
Heloisa Cerri – PV – 4.714
Libério Caetano – PMN – 902
TOTAL: 53.198 – 36,98%

Votação candidatos de fora – 39.662 – 27,57%

ELEIÇÕES 2010

Nesta eleição, o número de candidatos em Divinópolis extrapolou o bom senso. Foram 10 concorrentes locais e o resultado foi a eleição de apenas um representante. Fabiano Tolentino, que disputou pela primeira vez uma cadeira na Assembleia, foi eleito pelo  PRTB com 31.182 votos. Em Divinópolis, ele obteve 23.485 votos, obtendo 7.697 em outros municípios.

Neste pleito, dois fatores tiveram relevância maior para o município não fazer mais de um representante foi o excesso de candidatos: o excesso de candidatos e alta perda de votos, especialmente a abstenção, que atingiu a 12,84%. A votação para os candidatos de fora pode ser considerada insignificante, já que ficou em 8,43%. Veja os números:

Eleitorado: 154.376
Legenda – 10.296 - 6,67%
Abstenção: 19.823 - 12,84%
Brancos: 11.300 - 7,32%
Nulos: 6.168 - 4,00%
TOTAL – 47.587 – 30,83%

Votação em candidatos da cidade

Fabiano Tolentino – PRTB – 23.485
Francisco Martins – PDT – 14.550
Rinaldo Valério – PSL – 13.445
Marcos Vinicius – PSC – 9.432
Galileu Machado – PMN – 9.111
Anderson Saleme – PR – 7.036
Roberto Bento – PT do B – 6.307
Aristides Salgado – PC do B – 5.518
Beto – PT – 2.779
Rodrigo Resende – PSL – 2.111
TOTAL – 93.774 – 60,74%

Votação em candidatos com outras bases eleitorais – 13.015 – 8,43%

Esta é uma análise com base em números, na ótica jornalística do PAREDÃO, sem paixões ideológicas. Agora, tire sua conclusão e faça um bom debate pelo Facebook, já que os dados revelam a pequena relevância dos votos dados a candidatos fora do município e confirmam que o excesso de candidatos, para alimentar egos e vaidades, tem um grande peso nos fiascos eleitorais já vistos em Divinópolis.

Ficou claro, também, que as campanhas feitas na cidade para  conscientizar o eleitor a votar em candidato local, é uma grande hipocrisia. Nas últimas cinco eleições, sem os votos de outros municípios, os representantes divinopolitanos não teriam sido eleitos. Além do que, essas campanhas são voltadas em defesa deste ou daquele candidato e nunca chegam ao grande eleitorado, ficando restrita à seus promotores, quase todos eles com grandes interesses eleitorais.

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